"Vós
sois a luz do mundo." (Mt 5,14a)
Essa
verdade evangélica é para nós motivo de muita alegria, afinal Jesus também
disse: "Falou-lhes outra vez Jesus: Eu sou a luz do mundo; aquele que me
segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida". (Jo 8,12)
Mas
deve ser também motivo para muita atenção. Atenção em ser realmente e apenas aquilo
que uma luz precisa ser, ou seja, uma realidade que ilumine e não que é
iluminada.
Por
que trago essa reflexão? Porque muitas vezes, ainda que de forma involuntária,
temos assumido o lugar que é devido somente a Deus.
É
muito bom sermos elogiados quando fazemos boas pregações, quando cantamos bem
uma canção, quando conseguimos conduzir bem um grande encontro, quando
escrevemos um artigo ou um livro. É muito bom receber os agradecimentos das
pessoas após termos rezado por elas. É muito bom sermos vistos pelos outros
como uma boa referência, como um alguém a ser imitado, Paulo mesmo sugeriu isso
a outros, ao dizer: "Por isso, vos conjuro a que sejais meus imitadores".
(1 Cor 4,16) Em seguida, porém, ele também falou: "Tornai-vos os meus
imitadores, como eu o sou de Cristo". (1 Cor 11,1).
É
Cristo quem deve ser imitado, é Ele que é o Caminho e não nós. A nossa pregação
precisa levar-nos e levar os outros a Cristo e não a nós mesmos. A nossa canção
deve favorecer que nós e os outros encontrem com o Senhor e não conosco. O
grande evento que conseguimos conduzir bem, só o fizemos pela graça de Deus.
Quando rezamos por alguém é a Deus que se devem as honras e não a nós.
Ser
elogiado, receber agradecimentos e mesmo aplausos não é ruim em si mesmo, o
ruim é se achar o cara e não burrinho do Cara.
É de
conhecimento de muitos a história do burrinho que, ao carregar Jesus, na
entrada de Jerusalém, pensou que toda aquela festa fosse para ele e assim que
chegou em sua casa foi logo correndo contar para a sua mãe a grande festa que
haviam lhe feito. Mãe, dizia ele, a senhora precisa ver como as pessoas gostam
de mim, como eu sou importante, a festa que me fizeram. A mãe até duvidava no
início, mas após tanta insistência ela até se convenceu e resolveu saborear da
importância do seu filho e voltaram ambos, à Jerusalém e, você já sabe o que
aconteceu, nada. Ele não era o cara, era apenas o burrinho do Cara.
Caminhando
para o encerramento desta reflexão, me recordo de duas canções, uma mais antiga
que diz assim: “Convém que Cristo cresça. Convém que Cristo cresça. Convém que
Cristo cresça mais e mais. E que diminua eu. E que diminua eu. E que diminua eu
mais e mais”. Ainda que seja impossível Deus crescer, eu devo diminuir para que
Ele apareça; e outra canção mais recente que diz: “Eu sou sentinela da manhã,
que anuncia a chegada do sol, proclama que Jesus ressuscitou”. Eu não sou o
sol, ainda que Jesus disse que eu sou a luz do mundo, o Sol é Deus, é Ele quem
brilha.
O
nosso ser luz do mundo só é uma realidade se formos luz em Jesus. Como uma
grande fogueira. Um graveto é luz enquanto está fazendo parte da grande
fogueira. Saindo dela, aos poucos deixará de ser luz e se tornará em trevas.
Jesus
é o “Cara”. Que bom poder dizer que sou amigo do “Cara”.
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