quarta-feira, 23 de abril de 2014

É Ele o “Cara”

"Vós sois a luz do mundo." (Mt 5,14a)
Essa verdade evangélica é para nós motivo de muita alegria, afinal Jesus também disse: "Falou-lhes outra vez Jesus: Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida". (Jo 8,12)
Mas deve ser também motivo para muita atenção. Atenção em ser realmente e apenas aquilo que uma luz precisa ser, ou seja, uma realidade que ilumine e não que é iluminada.
Por que trago essa reflexão? Porque muitas vezes, ainda que de forma involuntária, temos assumido o lugar que é devido somente a Deus.
É muito bom sermos elogiados quando fazemos boas pregações, quando cantamos bem uma canção, quando conseguimos conduzir bem um grande encontro, quando escrevemos um artigo ou um livro. É muito bom receber os agradecimentos das pessoas após termos rezado por elas. É muito bom sermos vistos pelos outros como uma boa referência, como um alguém a ser imitado, Paulo mesmo sugeriu isso a outros, ao dizer: "Por isso, vos conjuro a que sejais meus imitadores". (1 Cor 4,16) Em seguida, porém, ele também falou: "Tornai-vos os meus imitadores, como eu o sou de Cristo". (1 Cor 11,1).
É Cristo quem deve ser imitado, é Ele que é o Caminho e não nós. A nossa pregação precisa levar-nos e levar os outros a Cristo e não a nós mesmos. A nossa canção deve favorecer que nós e os outros encontrem com o Senhor e não conosco. O grande evento que conseguimos conduzir bem, só o fizemos pela graça de Deus. Quando rezamos por alguém é a Deus que se devem as honras e não a nós.
Ser elogiado, receber agradecimentos e mesmo aplausos não é ruim em si mesmo, o ruim é se achar o cara e não burrinho do Cara.
É de conhecimento de muitos a história do burrinho que, ao carregar Jesus, na entrada de Jerusalém, pensou que toda aquela festa fosse para ele e assim que chegou em sua casa foi logo correndo contar para a sua mãe a grande festa que haviam lhe feito. Mãe, dizia ele, a senhora precisa ver como as pessoas gostam de mim, como eu sou importante, a festa que me fizeram. A mãe até duvidava no início, mas após tanta insistência ela até se convenceu e resolveu saborear da importância do seu filho e voltaram ambos, à Jerusalém e, você já sabe o que aconteceu, nada. Ele não era o cara, era apenas o burrinho do Cara.
Caminhando para o encerramento desta reflexão, me recordo de duas canções, uma mais antiga que diz assim: “Convém que Cristo cresça. Convém que Cristo cresça. Convém que Cristo cresça mais e mais. E que diminua eu. E que diminua eu. E que diminua eu mais e mais”. Ainda que seja impossível Deus crescer, eu devo diminuir para que Ele apareça; e outra canção mais recente que diz: “Eu sou sentinela da manhã, que anuncia a chegada do sol, proclama que Jesus ressuscitou”. Eu não sou o sol, ainda que Jesus disse que eu sou a luz do mundo, o Sol é Deus, é Ele quem brilha.
O nosso ser luz do mundo só é uma realidade se formos luz em Jesus. Como uma grande fogueira. Um graveto é luz enquanto está fazendo parte da grande fogueira. Saindo dela, aos poucos deixará de ser luz e se tornará em trevas.
Jesus é o “Cara”. Que bom poder dizer que sou amigo do “Cara”.



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