quarta-feira, 19 de junho de 2013

De quem é o primeiro pedaço?




Por um instante o universo paralisa-se e somente um coração pode ser ouvido perante uma multidão em silêncio ao redor.
Parabéns pra você, nessa data querida! Faça um pedido! E não apague a vela ainda! Peça primeiro! Agora, sim, pode cortar!
Sobre a mesa, o bolo; e, sobre esse, um coração que palpita de uma criança embaraçada em ter que escolher a quem o primeiro pedaço de bolo se poderá entregar...  
Alto lá! Se escolher o papai, como à mamãe me farei explicar? E, se o der à mamãe, o que direi ao papai? Se o der ao vovô, como a vovó vai ficar? Mas se o der à vovó, o que vovô vai pensar?
E os anjos, que são amigos das crianças, vêm em boa hora e sopra-lhes aos ouvidos a única pessoa a quem não se terá problema de o primeiro pedaço entregar.
E a criança feliz, que agora livre se sente, depois de ter realizado o pedido do anjo, volta ao seu lugar sorridente.
Por que será que depois, com o passar dos anos, não há mais a quem dar nem primeiros nem os últimos pedaços? 
Será constrangimento adquirido pela idade? Timidez que surge com o tempo? Ou porque não mais se pode ouvir o anjo que, antes, nos fazia saber o que naquele momento se devia fazer?
Será por isso, por não podermos mais ouvir os anjos, que saímos da mesa do bolo de outrora e corremos para as ruas de agora?
Mas para quebrar bancos, lojas e casas comerciais? Participar de ondas que se espalham em guerrilhas e coisas e tais? Uma multidão de pessoas que acredita que a um gigante se faz acordar? E aí? O que se pode dizer? Alienados, alienantes, democracia? É isso que é ser revolucionário?
Ao longo dos anos são armas que damos às crianças? De onde será que vem o modelo de como essa multidão se o manifesta? Por que deixar exalar do mais íntimo este tão violento protesto?
Se ao menos pudéssemos pensar, organizar melhor o que se quer fazer... Por que tão grande fúria? O que é o avatar? Será que não estou sendo usado para levar o primeiro pedaço a quem não se convém entregar?
Onde estarão os anjos de outrora para me dizer como de fato proceder? Ou será que ninguém se lhes possa mais ouvir? Se ainda os pudéssemos escutar, o que de novo nos iriam falar?
Que mesmo em guerra continuamos sendo usados?
E quantos pedaços de bolo não estão sendo desperdiçados? 
O "pedaço da vez" só vai mesmo pras mãos de quem faz a história?
E dos anônimos, quem os seus feitos os poderá conhecer?
Como podemos deixar que isso se nos venha machucar?
E logo nós que um dia já o soubemos; do velho bolo infantil nos esquecemos, mas do "pão e circo" é que sorrimos e comemos.
Será que é assim, com tanta violência que devemos lutar?
Será esse espetáculo o nosso avatar?
É somente com armas nas mãos que a revolução deve acontecer?
Ah, cristãos! Não nos deixemos enganar!
Não é à violência que devemos recorrer...
Percebamos da Verdade que Jesus nos deu a saber: só a Criança, no sentido do Evangelho, é que do "Bolo da Justiça", terá o primeiro pedaço a oferecer!
Revolucionários, sim, mas não com tanques de guerra!
Nossa arma não é esmagar o opressor, mas tão somente mostrar-lhe que somos a geração do Amor!
E o "Passe Livre" não nos dará o velho gosto de fel, pois é com Amor que teremos "Passe Livre" ainda aqui um gostinho do Céu.
Aceita o primeiro pedaço?
Amém.

Por Padre Amauri Sérgio Marques

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